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Jogos Escolares Maranhenses chegam aos 51 anos como vitrine para o esporte e atletas maranhenses

Os Jogos Escolares Maranhenses (JEMs) estão completando 51 anos. Neste pouco mais de meio século muitas gerações de jovens estudantes despertaram para o esporte graças à competição. E estas cinco décadas de história reúnem milhares de atletas talentosos e competitivos, em diversas modalidades, além de colaboradores, que marcaram época no cenário esportivo do estado. Desde então, novas modalidades esportivas foram sendo incluídas na competição que também foi passando a ter adesão cada vez maior dos municípios do estado.

Com o tema ‘Esporte para Todos’, a edição 2023 dos JEMs, realizado pelo Governo do Maranhão, por meio da Secretaria de Estado do Esporte e Lazer (Sedel), reúne estudantes de 112 municípios em 15 modalidades para manter a tradição de dar oportunidades e revelar talentos do esporte no Maranhão, incluindo atletas com deficiência.

A história dos Jogos Escolares Maranhenses começou em 1971, quando aconteceu o primeiro Festival Esportivo da Juventude, tendo como grande campeão o Colégio São Luiz. Apenas em 1973 a competição passou a levar o nome que carrega até hoje. Foi neste mesmo período que José Henrique Azevedo, hoje conhecido como Professor Mangueirão, passou a se envolver com o esporte.

“Eu era adolescente e comecei a praticar esporte em 1973, ainda na escola na modalidade handebol. Cheguei a ser campeão nacional em 1975 e em 1976 eu segui para a categoria adulto, porque já tinha 18 anos na época”, relembra o professor Mangueirão, que hoje é coordenador do Paradesporto da Secretaria de Estado do Esporte e Lazer (Sedel).

Após se aposentar das quadras de handebol como jogador, José Henrique Azevedo passou a atuar como técnico, quando passou a ser referido como Professor Mangueirão, treinando diversos times de handebol que participaram da competição.

História dos Jogos Escolares

Com uma história que se confunde com a própria história dos jogos escolares, é o Professor Mangueirão quem ajuda a contar um pouco dessas mais de cinco décadas de competição. “Cláudio Vaz, conhecido como Alemão, foi um dos primeiros incentivadores dos Jogos Escolares Maranhenses. Ele, ao lado do professor Dimas, foi um dos grandes responsáveis pelo surgimento dos jogos aqui na nossa cidade, que depois envolveu também todo o estado”, conta.

A ligação de Cláudio Vaz dos Santos, o Alemão, com os JEMs começa em 1971 quando ele foi nomeado coordenador do Departamento de Educação Física e Desportos da Secretaria de Educação Física do Estado e presidente do Conselho Regional de Desporto, tendo, como primeira ação à frente da função, colocar em funcionamento escolinhas para a prática de esportes como futebol de campo e de salão, vôlei, basquete e judô, além de boxe, capoeira, karatê, xadrez, ginástica olímpica entre outros.

A determinação de Cláudio Vaz veio de uma recusa recebida pelo então atleta em 1970. Na época, o Maranhão já participava dos Jogos Escolares Brasileiros (JEBs), então, Vaz e um grupo de amigos organizaram uma seleção de basquete maranhense e solicitaram o uso da quadra do recém-inaugurado Ginásio Costa Rodrigues, localizado no Centro de São Luís, como local de treinamento, mas receberam um não da administração do espaço. Além de não terem onde treinar, os atletas também precisavam bancar com recursos próprios todos os custos das competições fora do Maranhão.

Se antes do surgimento dos JEMs o jovem maranhense tinha dificuldade para conseguir apoio, hoje a situação é bem diferente, segundo conta Josimar Rangel, que atua como árbitro dos jogos desde 1978. “Hoje, os times que vencem as competições têm apoio do governo para viajar para disputas fora do Maranhão. Antigamente, só quem tinha recursos próprios conseguia ir para as competições em outros estados. Então, é muito bom ver esses jovens competindo e tendo o apoio que precisam”, informa.

Josimar Rangel é mais um nome revelado por meio dos JEMs. “Comecei a jogar com os amigos na escola e quando fui para o 2º grau comecei a participar dos jogos escolares como atleta de basquete, encerrando minha participação pelo Liceu Maranhense, onde eu estudei após receber uma bolsa por causa do meu desempenho no esporte, pois na época era muito difícil conseguir vaga no Liceu. Hoje, sou reconhecido como árbitro no nosso estado”, conta.

Participação de municípios do interior

Outra mudança importante nesses 51 anos dos JEMs é a participação cada vez maior dos municípios do interior do estado na competição que antes era dominada pelas escolas de São Luís. Essa mudança foi possível graças à maior estruturação do esporte maranhense com a construção do Ginásio Guioberto Alves (atualmente no Bairro de Fátima), do Estádio Castelão (no início da década de 1980), do ginásio Georgiana Pflueger (o Castelinho) entre diversas outras ações de incentivo e apoio ao esporte por parte do Governo do Maranhão.

“Antes, nós tínhamos só a capital participando dos JEMs, mas, sobretudo a partir da década de 1990, passamos a ter diversos municípios maranhenses participando nas diversas modalidades como futsal, basquete, vôlei entre outras. Hoje, temos outras cidades muito fortes no JEMs como Imperatriz e muitas outras. A cada ano as equipes dos demais municípios chegam cada vez mais fortes para as competições”, analisa Josimar Rangel.

Celeiro de atletas

Professor Mangueirão destaca que os JEMs são um grande celeiro de atletas maranhenses. No handebol, modalidade pela qual fez carreira, ele viu despontar nomes como Ana Paula, maranhense de São Luís que foi campeã mundial com a seleção brasileira, além de ter disputado quatro olimpíadas.

Mas ele tem na ponta da língua diversos outros nomes que se destacaram no esporte maranhense graças ao JEMs. “No JEMs surgiram os grandes atletas que conhecemos hoje. Além da Ana Paula, temos a Silvia Helena, o China no handebol. Importante citar também o Tião que foi um dos nossos maiores craques em várias modalidades, não apenas no handebol. Da minha geração surgiram nomes como Phill Camarão, Luís Fernando Figueredo, Professor Moraes, Professor Laércio e tantos outros nomes que eu poderia citar e que têm uma história muito profunda com os jogos escolares”, informa.

Novas gerações de atletas

E para as novas gerações de atletas, os JEMs continuam sendo uma das principais portas de entrada na trajetória esportiva. Aos 14 anos, Alexandre Lopes de Lima está na sua primeira competição, mas já faz planos para o futuro. “Eu comecei a jogar handebol na escola e já fui chamado para o JEMs. Eu estou muito feliz de poder competir, espero que a nossa escola vença. Mas mesmo que não venha o título esse ano eu quero continuar competindo e seguir na carreira esportiva”, diz o aluno do Centro de Ensino Barbosa de Godois, em São Luís.

Quem também está no seu primeiro JEMs e cheia de empolgação é Ellen Silva Penha, 12 anos, estudante de uma escola privada da capital que se inspira em um dos maiores nomes do futebol feminino brasileiro. “Eu admiro muito a Marta e comecei a jogar na quadra do meu condomínio. Estou achando incrível poder estar no JEMs. É uma experiência muito boa e espero poder continuar competindo nos próximos anos”, comenta.

Nestas cinco décadas, o JEMs também enfrentou muitos desafios como a pandemia de Covid-19 que impediu a realização dos jogos. No entanto, também são muitas as conquistas e transformações. Hoje, o JEMs também é a porta de entrada no esporte para alunos com deficiência. “A gente acabou de chegar com uma equipe de 42 atletas com deficiência de uma competição em Belém (PA), da qual trouxemos 42 medalhas. O JEMs é isso. É a oportunidade que os nossos jovens precisam para despontar no esporte”, declaram o Professor Mangueirão.

JEMs/ParaJEMs 2023

Os Jogos Escolares Maranhenses 2023 chegam ao fim nesta quarta-feira (16). Com o tema ‘Esporte para Todos’, o Governo do Maranhão, por meio da Sedel, trouxe novidades na edição deste ano com a estreia de novas modalidades como o triatlo (combinação de natação, ciclismo e corrida) e o tiro com arco, além de uma competição experimental de skate, em espaço especial dentro da programação do evento esportivo. No ParaJEMs, a nova modalidade é o halterofilismo.

Ao todo, são 15 modalidades de disputas individuais e 4 coletivas para crianças e adolescentes na faixa etária de 12 a 17 anos, e 15 modalidades esportivas para pessoas com deficiência.

Além das novas modalidades, a edição de 2023 dos Jogos Escolares teve a adesão de 112 municípios, 22 para o ParaJEMs e 12 solicitações para sediar as etapas regionais. Neste ano, três municípios participaram pela primeira vez dos jogos: Maranhãozinho, Monção e Tufilândia.