A história de amor e ódio de Alberto Fernández com o Argentinos Juniors

Mesmo em momentos de crise econômica e pouca expressividade da seleção nacional, o futebol argentino ainda leva seus milhares de apaixonados às ruas, bares, aos estádios e também inundam sites de apostas, como o apostasesportivasbonus.com. No âmbito presidencial isso não é muito diferente: normalmente os chefes do poder executivo mantém laços com o futebol, nem sempre de forma ética, e algumas vezes são torcedores fanáticos. Este é o caso do novo presidente Alberto Ángel Fernández, de 60 anos.

O peronista assumiu a presidência no dia 10 de dezembro de 2019, no lugar de Mauricio Macri. Em polos opostos politicamente, também estão identificados com equipes diferentes e de maneiras distintas. Macri ganhou projeção no cenário político nacional com sua campanha vencedora enquanto Presidente do Boca Juniors, entre 1995 e 2007, época de títulos nacionais, continentais e também mundiais, além da revelação constante de ídolos históricos da torcida como Riquelme, Tévez e Palermo. Férnandez, por outro lado, tem uma relação mais cotidiana e de torcedor com seu clube, o Argentinos Juniors.

Durante uma entrevista, um jornalista pediu a Alberto que se definisse e ele respondeu: “Soy hincha de bicho!”. Em tradução literal, ele afirmava ser torcedor do “bicho” apelido do seu clube de coração. Toda a família de Fernández é torcedora do Boca Juniors, inclusive ganhou uma cadeira cativa quando era criança, porém estudava a poucos quarteirões do estádio do Argentinos Juniors que levou seu coração. Inclusive relata ter participado da invasão do campo quando seu time mandou o tradicional San Lorenzo — paixão do Papa Francisco — para a segunda divisão. Inclusive tem um episódio cômico em 2013, quando Fernández criticou duramente o jogo retranqueiro e “vergonhoso” do técnico Caruso Lombardi.

O uso de metáforas futebolísticas é uma marca do novo presidente argentino, ao formar a chapa para disputar a presidência com a ex-presidente Cristina Kirchner, explicou que se via como um 9 com uma vida fácil, pois jogava ao lado de um Lionel Messi — que seria a Cristina do futebol. Na mesma noite, foi até o Estádio Diego Maradona — do “bicho — onde foi homenageado pelos torcedores e ganhou uma camisa do time de presente.

Sua proximidade do esporte não é apenas retórica, quando recebeu a notícia que seria o vencedor das eleições, brincou com sua namorada: “Um minuto de silêncio para Macri (ex-presidente) que está morto”. Tal provocação foi levada por diversas torcidas às arquibancadas para cutucar rivais. Apenas 16 dias depois de sua posse, recebeu o maior ídolo da história do seu clube e do futebol argentino, Diego Armando Maradona famoso pelos feitos em campo e pela proximidade com líderes de esquerda como Fidel Castro e Hugo Chávez. Maradona e Fernández debateram sobre campos em regiões pobres, o craque assinou uma camisa do time de coração do presidente que declarou em sua conta no Instagram: “Como presidente, como argentino e como fã do Bicho (Argentino Junious) estarei eternamente agradecido por nos ter feito tão felizes ao jogar bola”.

Assim como Fernández, Macri esteve próximo das forças do Boca Juniors, no caso até indicou gente do clube para trabalhar no governo.

Futebol e política sempre estiveram próximos na Argentina. Recentemente, a principal polêmica envolveu o projeto Futebol Para Todos, gestado pelo torcedor do Racing, Néstor Kirchner, presidente entre 2003 e 2007 e implantado por Cristina Kirchner (2007-2015) em 2009. Nele, o governo comprava direitos do campeonato argentino e transmitia na TV Pública ou repassava para emissoras do governo que passavam o jogo com narradores apoiadores de Kirchner, entre propagandas pró-governo e ataques à oposição — o que não era segredo. Duramente criticado, o Futebol para todos custou 1,7 bilhões de pesos em 2014, equivalente a R$ 515 milhões na época, e foi uma das primeiras medidas cortadas por Macri, até o momento, Alberto não sinalizou a retomada da iniciativa. Cristina ainda foi além, se aproximou dos torcedores organizados, os “Barra Bravas”, deu dinheiro para que fossem às Copas de 2006 e 2010 e criou uma organização de diálogo do poder público com eles, chamada “Hinchas Unidas” – que também não existe mais.