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Jovem maranhense de cidade violenta transforma seu destino e desponta no vôlei de praia

O local onde você nasceu determina de onde você vai partir, mas não quem você pode ser! Hildinê do Nascimento Silva Júnior é oriundo de um bairro violento da cidade de Chapadinha, no interior do Maranhão, a 248km da capital São Luís. Ao longo dos seus 17 anos de vida, Juninho viu primos e amigos trocarem os estudos pela vida do crime. A possibilidade de ganhar dinheiro fácil vivendo como um fora da lei jamais seduziu o jovem de 1,94m. E o rapaz acabou aprendendo que era em uma quadra de vôlei de praia que ele gostaria de escrever sua biografia.

“Eu vi amigos perderem a vida por causa do crime e do tráfico de drogas, gente da minha escola. Deixei até de ir por um tempo na casa da minha avó, porque lá eu encontrava primos meus que foram para o caminho errado e isso me fazia mal. Nunca pensei em ir pelo caminho errado, porque eu acredito que dá para fazer o certo, estudando e trabalhando. O vôlei de praia é o que eu amo fazer e treino muito para que esse seja o meu caminho”, disse Juninho, um dos destaques do primeiro dia da disputa de vôlei de praia nos Jogos da Juventude Ribeirão Preto 2023, no Clube Magic Gardens. 

A trajetória no esporte desse adolescente com brilho no olhar começou a partir do tato apurado de Rubens Garcez, professor de um projeto social de vôlei de praia que percorre escolas públicas em Chapadinha. Juninho foi descoberto por estar no lugar certo na hora certa. Soa até como uma ajuda do destino!

“O Juninho aparecia sempre para ajudar a montar a rede, a pegar bola e ajeitar a quadra. Ele nunca tinha jogado vôlei, mas eu vi potencial no menino, por sua altura e educação. Vivemos em uma cidade violenta em que vários jovens vão para o crime e para as drogas. Descobrir um talento que escolha o esporte é motivo de muita alegria”, contou Rubens, sem esconder o orgulho do seu discípulo.

Juninho bloqueia jogador do Ceará em partida nos Jogos da Juventude – Foto: Beto Noval/COB

Hildinê e seu parceiro Gleydson da Conceição seguem vivos na busca pela medalha de ouro da primeira divisão do vôlei de praia nas areias do Clube Magic Gardens. Eles venceram a dupla do Ceará na primeira rodada por 2 sets a 0 e, após abrirem 1 a 0 sobre os capixabas, acabaram sendo derrotados. Para seguir adiante, Juninho e Gleydson precisarão levar a melhor sobre o time do Paraná.

“Eu quero ganhar uma medalha, seria lindo. Mas estar aqui nos Jogos da Juventude já é uma grande vitória para mim e minha dupla, por tudo que a gente já viveu e enfrentou. É meu último ano escolar, quero aproveitar tudo que puder”, comentou Juninho.

A história do jovem de Chapadinha pode se tornar ainda mais rica. Presente aos Jogos da Juventude, Adriano Rosa, observador técnico de vôlei de praia da Confederação Brasileira de Vôlei (CBV), revelou que estava de olho em Juninho. O atleta torce para que o profissional o enxergue com a mesma lupa transformadora do professor Rubens.

Vôlei de Praia nos Jogos da Juventude

A disputa do vôlei de praia nos Jogos da Juventude Ribeirão Preto 2023 começou nesta terça-feira (dia 12) no Clube Magic Gardens. A competição nas areias vai durar três dias e reunirá duplas masculinas e femininas. Após dois dias de fase classificatória e eliminatórias, as partidas valendo medalhas acontecerão na quinta-feira (14).

FONTE: COB