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A maior kitetrip do mundo apruma suas velas para o Maranhão

Concluídos seus primeiros 800 quilômetros e quase quatro estados nordestinos, a downwind Iron Macho 2023 apruma suas pipas para os estados do Piauí e Maranhão, respectivamente, onde a maior travessia de kitesurf do mundo, 1,7mil quilômetros, encerra sua nona edição dia 30 setembro, na Ilha de São Luís, no Maranhão.

Em 2023, na praia do Preá/CE, o Iron Macho reuniu mais de 100 atletas com representantes de mais 11 países, entre eles Estados Unidos, Argentina, Suiça, Holanda, Canadá, Alemanha, França, Itália, Austrália, Peru, Portugal entre outros. Depois da largada, na Ilha de Itamaracá/PE, os aventureiros do mar passam pelo Delta da Parnaíba/PI e se aproximam do Maranhão, na praia de Tutóia.

Em sua primeira edição, em 2015, o Iron Macho era uma downwind de 440 quilômetros e reunia apenas dois participantes, um brasileiro carioca e um português. Como gosta de brincar o CEO do evento e kitesurfista Antônio Marques Filho, 42, tudo levava a crer que seria difícil começar uma empreitada com uma estatística tão desanimadora. “De toda forma, tínhamos o evento com 50% formado por estrangeiro e 50% brasileiro”, conta Marques, que não fazia ideia nenhuma que passados nove anos, o Iron Macho seria composto por 90% de estrangeiros e 10% atletas nacionais e a cada edição essa proporção muda de um lado ou de outro.  

O que não muda é o espírito desse esporte, que cresce a cada ano, e tem atualmente cerca de três milhões praticantes espalhados em todo o mundo e em 2024 será, pela primeira vez, esporte olímpico. Para o investidor e kitesurfista holandês, Bjorn Berg-Andersen, 54, a primeira vez participando do Iron Macho em todo o seu trajeto, saindo da Ilha de Itamaracá/PE, tem sido uma experiência muito melhor do que imaginou.

“Já fiz muitos downwinds, mas sempre com apenas um motorista e fiquei impressionado com a segurança, a organização, como eles nos localizam na água, toda a estrutura de hospedagem”, explica o holandês, dizendo que nunca fez uma tripe com tantas pessoas e que desde que iniciou no esporte em 2006, mudou sua vida em praticamente tudo.

A beleza por trás de tudo…

Também natural de Amsterdã, o profissional de uma companhia de mineração alfandegária, Jip Baneke, 60, se disse encantado com essa parte do Brasil que ainda não conhecia. Junto com mais três amigos, é também sua primeira vez no Iron Macho, apesar de vir todo ano fazer o trajeto Cumbuco/CE-Atins/MA.

“Eu sou um navegador da europa ocidental e naveguei todos os mares da Finlândia até Portugal, mas depois que tentei o windsurf e o kite na capital deste esporte, em Tarifa, na Espanha, me senti na obrigação de aprender o kitesurf, pois me mantém mais conectado com minha filha”, conta Jip, que ficou surpreendido com a forma positiva como tudo vem acontecendo, em conhecer melhor algumas cidades de paisagens belíssimas, a costa litorânea e a primeira parte do percurso, de Pernambuco até a praia do Cumbuco.

Conexão

Para a kitesurfista goiana Glenda Planard, 43, a experiência no Iron Macho é mais do que uma prática esportiva. “É um momento solitário e de muita meditação, conexão com a natureza, onde planejo muita coisa e me ajuda a tomar muitas decisões”, diz a médica, que conheceu a kitetrip por já ser uma grande referência para os amantes desse esporte.

Essa conexão é o ponto de convergência de praticamente todos kitesurfistas, onde as histórias vão se desenrolando e sempre se cruzam com esse encontro quase irresistível. No caso da médica, que já morou em outras cidades, esse encontro veio quando passar umas férias na praia da Barrinha, em Jericoacoara, e foi tomando contato com o Kite. “Eu e meu esposo, também médico, queríamos sair de São Paulo, ir para um lugar mais tranquilo e com uma boa estrutura para os filhos. Encontramos isso em Tianguá/CE e estamos a duas horas e meia da praia. Então, é muito bom estar nesse ambiente para nós e as crianças, e onde mostramos o valor de coisas importantes como estudar e trabalhar, mas de viver também, sentir alegria e prazer em algo fantástico como o kite e a natureza”, desabafa, completando que tudo começou durante a pandemia, um instante delicado para todos, mas onde percebemos que o kite pode ser uma experiência se estender até a velhice.

Foto: Fidel Dantas